No texto "Por uma arquitetura virtual: uma crítica das tecnologias digitais" de Ana Paula Baltazar, a autora nos propõe uma complexa discussão sobre como pode ser usado o virtual na arquitetura. Primeiramente, o que nos tem que ser claro é a distinção entre virtual e digital. Popularmente tudo que seja digitalizado é dito como algo virtual, - mas o conceito de virtual vai muito além disso - verdadeiramente algo virtual é aquilo que está fora do plano da materialidade, ou seja, aplicando a virtualidade à arquitetura é exatamente aquilo relativo aos eventos que irão se constituir no espaço projetado durante ou após a construção do delimitado espaço - como exemplo disso uma casa construida com os habitantes vivendo dentro dela e usando ela de forma não pré estabelecidas pelo projeto. Já o digital é um advento trazido pelo desenvolvimento da tecnologia que pode ou não estar associado com o virtual.
Ana Paula Baltazar, na introdução do texto, expõe uma reflexão sobre se o simples ato de usar o computador como uma ferramenta de desenho para a representação do projeto é virtualizar a arquitetura. Assim observamos que para virtualizarmos a arquitetura precisamos muito mais do que simplismente isso: como exemplo do Familistério de Godim que não faz muito sentido sem um evento, sendo um conjunto habitacional onde o pátio interno não tem janelas propõem-se ali um espaço que só seja preenchido com as pessoas e o evento que ocorre assim constituindo algo virtual sem a digitalização do precesso. Lygia Clark em sua obra Máscara com Espelhos (1967) - sistema de espelhos móveis que permite ver a você mesmo e a outros componetes do ambiente - constrói um sistema de virtualização onde o que conta é a expreriência do espectador da obra que acaba sendo também ser integrante da obra. Com isso Lygia consegue, também, a virtualização sem a digiltalização da obra.
Por outro lado a autora do texto nos mostra o digital como um facilitador do virtual, para que isso ocorra tem que haver a convergência para um sistema integrado - como propõe Manuel Castells no livro "A Sociedade em Rede". Como exemplo disso temos arquiteturas contemporâneas que usam da digitalização como um caminho para a virtualização: uma bem próxima de nós é o Lagear da EAUFMG (Laboratório Gráfico para Ensino de Arquitetura da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais) que compreende um ambiente físico, com a cronologia e o trânsito dos usuários do local, onde há um sistema de rede de computadores onde encontra-se a troca e convergência de informações compreendendo a virtualização da obra arquitetônica. Assim o digital, o virtual e o espaço físico trabalham em conjunto apontando à virtualização do referido laboratório.